sexta-feira, 11 de julho de 2008

Gata Negra




Indignada bateu a porta do carro, tão preto quanto seus cabelos encaracolados em cachos de ébano. Os olhos pretos no rosto mignon, contam histórias, e a pisada forte no chão, enquanto não perde seu estilo sexy de andar, deixam claros: ela está indignada.
Como um vento passou por mim pela porta e foi direto para o escritório, onde tem o computador, um monte de livros e revistas, papéis colados na parede, e um sofá.
Percebeu que super-excitou na chegada, e entre manter a pose e sorrir com seus grandes, grossos e deliciosos lábios, ficou ainda mais linda. “Vim só pra te fazer uma pergunta.” E fez. E respondi, enquanto um arrepio insistente percorria minha espinha, meu sangue fervia, e quando cheguei perto o bastante para sentir seu hálito, ela estava quente, o corpo ardendo, meus olhos ferviam e meu raciocínio ficou prejudicado. Não consegui pensar em mais nada, apenas beijei-a. Minhas mãos passeavam por todo seu corpo.
Quando dois corpos estão em febre, quando as respirações estão ofegantes em sintonia, dois coração estão harmoniosamente em disritmia, então a pele arrepia, dá febre, os corpos exalam odores, e a paixão toma conta. Sua boca me bastava, mas ainda tem o corpo todo, tudo tão excitante e quero ver cada centímetro, enquanto ela suspira e tenta me segurar pelos cabelos. Inútil, como uma fera marco todo território, cheirando e beijando. Seu corpo tão moreno, seus lábios inchados e tão úmidos. Uma explosão de luz e sons, gemidos e contorções numa seqüência fora de ordem, uma cadência sem ritmo, dois longos gemidos finais.
Depois alegria e desafogo. A paixão venceu e nosso prêmio foi o prazer. Por alguns minutos a pantera fica dócil, me olha com olhos de ternura, alisa meus cabelos e beija meus lábios suavemente, quase sorri. Logo ela lembra que não pode parar. Levanta, toma banho e vai, com o cabelo esvoaçando, deixando pra trás o quarto desarrumado, edredons e cobertores espalhados, o lençol amontoado e os travesseiros no lugar errado, um perfume de fêmea com essência de natureza. Uma mulher alforriada, insubmissa, livre, que volta sempre somente quando quer.
Apanho uma maçã e penso que por alguma razão a natureza gosta de mim.

4 comentários:

porque, é um bom porque! disse...

texto com ricas palavras e detalhes..
hahaha
adoro as coisas que você escreve.

Anônimo disse...

Ótimo texto!
Cheio de verdades;Repleto de vida!
Adorei! Você é muito talentoso!

Unknown disse...

Ótimo texto!
Cheio de verdades;Repleto de vida!
Adorei! Você é muito talentoso!

Rose Sousa disse...

Nossa!!! que texto é esse Emerich?!?!
A natureza não gosta de vc, ela te ama! tanto talento, de onde viría se não da própria natureza... parabéns!