quinta-feira, 31 de julho de 2008

Piração


Porque eu estou fumando?
Porque eu estou tão ansioso?
Ela pediu um cigarro quando saiu do hospital.
O Batmam riu no final.
Os mais ricos da América Latina.
Porque estou tão ansioso?
Ele quer comer a ovelha.
Elas querem me ver.
A música não faz sentido.
Porque fumei um cigarro?
Mil coisas ao mesmo tempo na minha cabeça.
Ela quer me ver.
Ela disse que tenho medo.
Ela disse que não vai mais me incomodar.
“É toda tua!”
“É toda tua!”
“Pode fazer do jeito que você quiser”
Ele quer comer a ovelha.
O gás acabou.
Porque estou tão ansioso?
Perdido na rodoviária.
Será à hora de partir?
Não sei já está bom.
Tudo é tão infinito!
Eterno é pra sempre.
A vida não tem um objetivo.
Invente o seu.
Com licença, posso morrer agora?
Nunca acaba.
Nunca acaba...
Porque fumei de novo?
É com acento ou sem acento?
Porquê... Porque... Por que... Por quê...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Lição de Vida?



(Antenor Emerich)

O que é uma lição de vida?
Quem aprende, sempre aprende uma lição de vida.
Uma vez eu aprendi uma lição de vida.
Meu filho completava 09 anos naquele ano, e eu prometi a ele que o ensinaria a nadar.
Mas já tinha aprendido com Nietzsche que a árvore que queira crescer até o céu tem que lançar suas raízes até o inferno. E não ficou nisso.
Naquele verão fui com meus filhos ao rio. Ordenei aos três menores que ficassem à margem do rio, esclarecendo a geral que neste verão Calil aprenderia a nadar. Ninguém da família duvidou disso. Ao garoto só em dente disse que deveria mergulhar e com as mãos pegar o dedão do meu pé esquerdo. A água na altura de minha cintura. Muito clara e fresca, faz de nossos verões lembranças inesquecíveis.
Ele tentou a primeira vez e chegou até o joelho. Mas ao voltar dei vivas de alegria por ter ido tão longe já da primeira vez.
Como prêmio eu peguei ele pelo pé e o impulsionei para cima, fazendo-o saltar além do nível d’água formando um arco com o próprio corpo mergulhando de volta na água.
A gritaria na margem foi geral, é muito importante que o mais velho tenha sucesso. Eu também quero, pai, faz comigo também, pai, de novo pai!. Só em dente voltava do fundo.
Agora só depois que pegar o dedo. Foi questão de tempo.
Ele acabou perguntando por que não o ensinava a nadar. Quer aprender a nadar? Tem que aprender a respirar dentro d’água. A primeira coisa a aprender é ir no fundo e voltar. Quem sabe mergulhar não morre afogado.
Logo eu entrelaçava os dedos, Calil punha o pezinho e eu o impulsionava para cima ele ajuda voando muito alto e caindo como um delfim na água às minhas costas.
Mergulha fundo, o arco formando um círculo enquanto ele cruza entre minha pernas retornando pela frente ficando frente a frente comigo, eu com água pelo pescoço o seguro pela cintura.
Depois ele passou um tempo mais perto da margem treinando para nadar sob a superfície. Quando demorou muito para entender o chamei. O que há, porque não entendeu ainda?
De fato ele esguio, para a idade, havia pouca massa corpórea, afundava fácil. Estica bem o braço e força a bunda pra cima. E não se preocupe, o fácil não é afundar, o difícil é se manter debaixo d’água. Ele sabia o trabalho que passara para mergulhar e manter-se no fundo do rio.
Entendeu, e nadou, e pulou do barranco, e pulou da ponte, e eu pulei, pulamos os dois. Pai e filho, de 10 anos pulando juntos da ponte no fundo do rio e cada um por si, cada um que desse um jeito de chegar a margem. Então entreguei a ele dali em diante a responsabilidade de decidir de onde pular. Ele não morreria mais afogado. Estava aprendida essa etapa.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Para ser feliz

O nível de felicidade é conseqüência do nível de aprovação que temos de nós mesmos.
O quanto nos aprovamos decide nosso bem estar.
Vivemos em uma época sem limites. Tudo pode ser possível. A ciência não vê mais o fim para lado nenhum. Essa tal de liberdade tomou conta das pessoas. Ninguém mais aceita ser manipulado e desrespeitado. Mas, ainda é negociável. Muitas coisas ainda dependem do preço. Mas, por liberdade se faz escolhas.
Essa percepção do não limite está pondo, a muitos, meio que neuróticos. Em especial aqueles que assertam no porque aos outros é permitido e a eles não. Esses se enfurecem. Enquanto vociferam que cada um colhe aquilo que planta. Ao mesmo tempo acreditam que com outros a vida não é justa, pois lhes dão coisas que não merecem. Passam a ser julgadores dos benefícios merecidos e beneficiários. Esse é o princípio da qualidade demoníaca. Decidir quem merece, pois a vida parece ter se enganado com algumas pessoas dando a elas uma vida boa que não merecem. E correm a corrigir o defeito e por de volta as coisas em ordem. Tirar de quem não pertence e dar a quem é de direito.
Então, considerar-se livre é uma afronta aos prisioneiros do próprio ego. Não deixar-se manipular e não prosseguir no acordo após a percepção do erro é uma atitude inadmissível.

domingo, 13 de julho de 2008

Quem somos nós

“Quem somos nós,
viajantes do tempo e do espaço,
frente a eternidade?
Quem somos nós
frágeis e limitados
perante o infinito?

Quem somos nós
frente ao que seríamos
se pudéssemos amar?

Quem pensamos que somos
que negamos amos a
quem amamos
porque nos consideramos
bons demais para amar
quem concluímos que
não merece nosso amor?

Quem somos nós
que dizemos amar tanto
e nos ofendemos por tão pouco?

Quem somos nós
que juramos amor eterno
e nos é tão difícil perdoar?
Quem somos nós
que definimos o amor
e agora corremos atrás de
sua definição?”

sábado, 12 de julho de 2008

Consciente da Eternidade

Para ser consciente de ser eterno tem que haver um certo ritmo. Compreender as disposições em contrário. Dar a possibilidade dos seres serem quem são. De se enganarem, de permanecer no erro.
O ser, consciente de ser eterno, é livre para viver e compreende a mesma liberdade a todos os seres.
Um ser consciente não pode ser dominador, manipulador, embora possa sentir dor em ver seres que lhe são caros tomarem decisões adversas a suas ou traírem sua confiança e anseios. Sabe sempre, que cada ser vive de maneira a atingir sua própria liberdade ainda que por caminhos tortuosos.
Somos livres e eternos. Conscientes disso ou não. Mas o ser consciente não tem mais a intenção de aprisionar ou subjugar qualquer consciência, em qualquer nível de sutileza que seja. E permite que todos recolham o fruto de sua colheita. No entanto auxilia, ciente de que de auxílio, todos necessitamos.

Paz e Luz no eterno infinito!
Antenor Emerich

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Gata Negra




Indignada bateu a porta do carro, tão preto quanto seus cabelos encaracolados em cachos de ébano. Os olhos pretos no rosto mignon, contam histórias, e a pisada forte no chão, enquanto não perde seu estilo sexy de andar, deixam claros: ela está indignada.
Como um vento passou por mim pela porta e foi direto para o escritório, onde tem o computador, um monte de livros e revistas, papéis colados na parede, e um sofá.
Percebeu que super-excitou na chegada, e entre manter a pose e sorrir com seus grandes, grossos e deliciosos lábios, ficou ainda mais linda. “Vim só pra te fazer uma pergunta.” E fez. E respondi, enquanto um arrepio insistente percorria minha espinha, meu sangue fervia, e quando cheguei perto o bastante para sentir seu hálito, ela estava quente, o corpo ardendo, meus olhos ferviam e meu raciocínio ficou prejudicado. Não consegui pensar em mais nada, apenas beijei-a. Minhas mãos passeavam por todo seu corpo.
Quando dois corpos estão em febre, quando as respirações estão ofegantes em sintonia, dois coração estão harmoniosamente em disritmia, então a pele arrepia, dá febre, os corpos exalam odores, e a paixão toma conta. Sua boca me bastava, mas ainda tem o corpo todo, tudo tão excitante e quero ver cada centímetro, enquanto ela suspira e tenta me segurar pelos cabelos. Inútil, como uma fera marco todo território, cheirando e beijando. Seu corpo tão moreno, seus lábios inchados e tão úmidos. Uma explosão de luz e sons, gemidos e contorções numa seqüência fora de ordem, uma cadência sem ritmo, dois longos gemidos finais.
Depois alegria e desafogo. A paixão venceu e nosso prêmio foi o prazer. Por alguns minutos a pantera fica dócil, me olha com olhos de ternura, alisa meus cabelos e beija meus lábios suavemente, quase sorri. Logo ela lembra que não pode parar. Levanta, toma banho e vai, com o cabelo esvoaçando, deixando pra trás o quarto desarrumado, edredons e cobertores espalhados, o lençol amontoado e os travesseiros no lugar errado, um perfume de fêmea com essência de natureza. Uma mulher alforriada, insubmissa, livre, que volta sempre somente quando quer.
Apanho uma maçã e penso que por alguma razão a natureza gosta de mim.