quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Situação Terra


Diário de Bordo


Difícil manter a lucidez. Difícil escapar da ilusão. Quando a ilusão me toma, se retém em mim por meses e meses seguidos. Sobre este efeito acredito que preciso correr, explorar, depositar, economizar, cobrar mais caro, não fazer nada de graça.
É corrente a idéia, entre a humanidade, que temos que nos esforçar, ser melhores, batalhar muito, muito mesmo, para se conseguir o que se quer, ou o que se precisa, se não batalharmos muito ficaremos sem nada, e, é amplamente divulgado, aos pobres, nenhum direito é garantido.
Você precisa ser alguém na vida, e para isso tem que lutar muito, precisa conseguir as vagas, precisa ter as verbas, precisa ter um padrinho, precisa ser rápido, para passar para trás os que estão na sua frente. É assim, somente os melhores conseguem. “Quem não tem competência não se estabelece”. Dizem.
Os homens, em sua ambição desenfreada, em seu orgulho cego, em seu egoísmo víl, em sua ignorância torpe, acredita piamente que precisa esforçar-se muito se quiser viver com dignidade, porque, toda a humanidade é ciente, aos pobres, nenhuma dignidade é garantida.
Assim, temendo o desprezo, as vezes creio que devo entrar na batalha da luta pela vida.
A ilusão porém não dura. Se desfaz perante o sentimento de justiça. Para garantir direitos e dignidade para meus filhos devo tirar direitos e dignidades de muitos. Pois é de domínio geral que não há lugar para todos na sombra do mundo. Apenas alguns privilegiados tem acesso. Os demais, desgraçados, se acotovelam, no sol, na poeira, na inveja, na raiva, no ódio, na intolerância, na pobreza, na miséria, sem educação, sem saúde, sem sustento e com muito trabalho.
Uma indignidade mantida por uma idéia errada de pobres ou endinheirados, indivíduos causadores da miséria e tutores da idéia de que “quem pode mais chora menos”.

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