quinta-feira, 1 de julho de 2010

Crônica sobre o tempo

“Nem sempre é possível. As vezes é preciso desistir”



Quando falamos em desistir de algo, alguém logo nos anima a prosseguir. Não desista nunca. Siga em frente, dizem. Desistir jamais!
Tanto se fala assim que se tornou correto. Teimosa, a humanidade adora esse paradigma. Ninguém desiste. Ninguém arreda o pé, nem um centímetro.
Assim, segue, esse comboio de corda, a entreter a razão.
Outrossim, faço votos de que as pessoas aprendam a desistir.
Desistir de ser carrancudas, de se apoderar de dinheiro público, de desconfiar dos outros, de não ser confiávél; de pegar tudo o que puder sem pensar em quem esta esperando pra pegar um pouco também.
Poxa! Eu gostaria que o bolo de aniversário de São Paulo demorasse mais tempo para ser consumido. O povo avança e pega o que pode. De bolo, a dinheiro.
Os ricos se agarram aos seus bens, e só lastimam um dia não poderem levar tudo consigo para o outro mundo. Mesmo assim chegam lá contando todas as vantagens que tinham na terra.
Gostaria que os corruptos desistissem de seus intentos malévolos. Que desistissem de tolerar que humanos morram de fome.
É lastimável que o governo tenha que estipular um salário mínimo, para evitar um regime de escravidão.
Por fim, gostaria que a humanidade desistisse de ser injusta, e desistisse de pensar apenas no seu próprio bem estar.
Nem sempre é possível, nem sempre é salutar. As vezes, é preciso desistir.

Um comentário:

_ disse...

Texto muito bom e coerente. Por exemplo, essa coisa de "eu sou brasileiro e não desisto nunca" ainda vai nos fazer ter problemas sérios. O mais óbvio será daqui a quatro anos quando jogarmos dinheiro público pela janela para organizarmos, de forma bem capenga, uma Copa do Mundo: com um trânsito absurdo, pane nos aeroportos entre outros problemas. Eu sou brasileiro - e gostaria de desistir...