quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Artigo Místico: A natureza da personalidade

  • O soerguer do self


O ser humano com seu minúsculo ego atrofiado
se considera até inteligente, defendendo seu modo de vida sedentário e
mendicante. Não mais inteligente que formigas atacando um humano que se
aproximou do seu buraco.


Fé cega sobre faca amolada é covardia dos dois lados.
A música brasileira, e mais especialmente os poetas compositores, como é o caso de Milton Nascimento, com seus mil tons e seus dons geniais (Caetano, em estranhos poderes), nos brinda com essa obra prima da poesia metafísica tupiniquim. Fé cega e faca amolada.
O dominador encontra na mística um meio de subjugar a multidão no escuro, e sobre a ameaça de poderes ocultos (?) faz quedar de joelhos nus ao solo seco uma humanidade cabisbaixa. Exige fé cega e ameaça a dúvida com navalha e guilhotina. Fé cega com pé atrás (Humberto Gessinger) é o nascimento da dúvida, e a dúvida é a véspera da revolta. Os dominantes, postados ou não, abominam os questionadores. O questionador não obedece sem perguntar porque. Sem saber se deve. O questionador é iluminado e como tal sabe que a responsabilidade de seus atos não pode ser negada. Por a culpa no superior que ordena é assumir a própria incompetência. O questionador pode ir para a guerra se for obrigado, mas vai morrer antes de matar alguém. Não vai matar somente porque lhe foi ordenado. Quer que alguém morra? Mate você mesmo. O cenário é grotesco, mas o choque de claridade é proposital por não deixar sombras para a dúvida. Porque os questionadores podem acabar sem emprego, a guilhotina moderna, mas, não sem trabalho.
Essa é a covardia da faca amolada. A covardia na fé cega reside no fato de o indivíduo, numerado, nomeado e rotulado, não querer assumir responsabilidade sobre seus atos. Preferindo dizer que não sabia, pondo a culpa em outro por sua estultícia. Atestado de imaturidade assinado por si próprio. O dominador covarde ameaça com a dor e o dominado covarde se prostra sabendo a quem culpar. É uma relação simbiótica vampiresca de duplo consentimento. A consciência de estar vivo, na esfera materialista, está relacionada a usurpar direitos e depreciar a vida alheia. É uma consciência restrita da realidade, evidentemente, de um espírito infantil e ignóbil, ao qual somente a experiência de vida vai lhe trazer maturidade e responsabilidade, dando-lhe ensejo de erguer o cenho e levantar-se, negando a subjugação.
Maturidade de consciência exige apurada observação, refinado senso de liberdade, irrestrito respeito pela vida em todas as suas manifestações, incansável busca pelo verdadeiro conhecimento, e a certeza absoluta de que a felicidade e a realização do Ser Humano somente serão verdadeiras quando todos viverem com dignidade, respeito e liberdade. Até então somos imaturos, egoístas e mesquinhos. Ser orgulhoso, nessa miséria, já é assinatura de indignidade.
Não adianta querer se salvar na mentira. A mentira já é a perdição. Dizer que não é responsável pelo real em que está inserido e ainda lavar as mãos na água encardida da velha bacia, é imaturidade.
O decepcionante nisto tudo não é a pequerrucha formiguinha atracar-se contra a polpa do dedão do ente humano que lhe ameaça a existência, mas o ente sair correndo com medo do himenóptero.

Um comentário:

Unknown disse...

Adoro suas idéias amigo... vida longa nos seus passos!